22/05/2025

Um romance para se ler um ano todo.

Romance russo "Anna Kariênina", de Liev Tolstói

 ""Todas as famílias felizes  se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira."

Esta é uma das aberturas mais famosas de todos os tempos, e ainda hoje impressiona a sabedoria concisa com que Tolstói introduz o leitor no universo de Anna Kariênina. Muito do que o romance vai mostrar está contido nesta frase. A personagem-título, ao abandonar sua sólida posição social por um novo amor, e seguir esta opção até as últimas consequências, potencializa os dilemas amorosos, vividos dentro ou fora do casamento, de toda ampla galeria de personagens que a circunda. O amor, aqui, não é puro idealismo romântico. 

O fascínio que este livro cria no leitor, porém, não acaba aí. Nele Tolstói recupera todo um século de experiência russa, por exemplo, registrando inúmeras marcas autobiográficas, com episódios e personagens modelados a partir de pessoas reais, e abordando as principais discussões políticas, econômicas e filosóficas de seu tempo, ainda incrivelmente atuais.

Esta nova edição de Anna Kariênina, traduzida diretamente do russo, inclui notas explicativas, uma lista de personagens e uma árvore genealógica dos principais núcleos familiares, para que os leitores de hoje circulem sem embaraços nas altas rodas da nobreza de Moscou e São Petersburgo."

( Tradução e apresentação Rubens Figueiredo)BIBLIOTECA CIDADÃ


"Certa vez, Liev Tolstói estava na estação ferroviária da cidade de Tula, na Russia, quando um trem postal fez uma breve parada. De um vagão de primeira classe, desceu às pressas um cavalheiro que correu direto para o buffet. Poucos instantes depois, uma senhor elegante saiu do mesmo vagão e, aflita, gritou: George! George! George! Mas George, absorto nos quitutes, não ouviu.

Desesperada, ela avistou um velho de barba comprida por perto, sem reconhecer quem era, disse com desdém: 

- Velho, pode chamar aquele senhor para mim? Dou-lhe um centavo.

O velho, divertido com a situação, obedeceu sem dizer uma palavra. Trouxe George até ela, recebeu a moeda prometida e guardou-a com simplicidade. Mas logo os mormúros na plataforma começaram: 

- Olhem.. é Tolstói! É o conde Tolstói!

A Senhora, confusa, perguntou:

- Onde? Onde está? Apontaram para o mesmo velho a quem ela dera o centavo. Ao perceber o engano, ela ficou lívida. Correu até ele, transtornada:

- Conde Tolstói, por favor, perdoe-me! Estou tão envergonhada...

E, num misto de arrependimento e orgulho ferido, implorou:

- Poderia devolver a moeda?

Tolstói sorriu com o humor que só os verdadeiramente grandes carregam:

- Não, minha senhora... não devolvo. Pode ser o único centavo que ganhei honestamente em toda a minha vida.

Logo o terceiro sino soou, anunciando a partida do trem, A mulher recolheu-se ao seu vagão, levando consigo uma lição de humildade que jamais esqueceria.

Este episódio, narrado por Ivan Nazhivin em "A Alma de Tolstói", revela o espírito leve, a humildade desarmante e a inteligência serena de um dos maiores escritores da história." 

Texto extraído da internet.

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